domingo, 10 de agosto de 2014

Terceiro volume de Blacksad vale a segunda leitura



Está aí uma das grandes injustiças editoriais do Brasil: Blacksad. Após lançado apenas dois volumes (dos cinco até agora existentes) lançados em 2006, a Panini desistiu da publicação da série. É realmente uma pena, pois Blacksad é um dos melhores quadrinhos adultos que existe, conciliando ótimas histórias com uma arte exuberante. Coisas da Panini, que é reincidente em abandonar material europeu, como fez mais recentemente com Face Oculta, após míseras duas edições.

Para quem não conhece, Blacksad é um detetive particular à moda antiga. Em Âme Rouge, Blacksad reencontra um velho amigo, Otto Liebber, cientista que está auxiliando no desenvolvimento de tecnologia nuclear. Ao se aproximar do amigo, Blacksad conhece Alma, que o faz a irremediavelmente a se envolver com o grupo de cientistas e intelectuais de esquerda, que estão sob investigação do governo.

O clima noir, predominante nas edições anteriores, não se sobrepõe tanto assim. O que continua presente é a funcionalidade e eficiência da opção de personagens animais antropomorfizados, pois é mais uma ferramento expressiva a disposição de Guarnido. É incrível como a personalidade de cada personagem se casa com o esteriótipo atribuído ao animal.

Aparentemente, a história se passam por volta da década de 70, quando a Guerra Fria estava mais acentuada. Aliás, essa é a temática predominante em "Âme Rouge" (Alma Vermelha"). Ao contrário dos dois álbum anteriores, neste a trama ganha um pouco de complexidade e mistura doses de geopolítica, ao retratar a época de caça às bruxas ocorrida nos EUA sobretudo durante a década de 60 e 70.

Apesar do tema batido, provavelmente você não terá coisa melhor pra ler após terminar Âme Rouge. Foi o meu caso, por isso o melhor que fiz foi reler a obra.

Blacksad: Volume 3 - Âme Rouge
***** 9,0
Dargoud | 2005
Roteiro: Juan Díaz Canales
Arte: Juanjo Guarnido

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