Algo nos últimos dias me impeliu a começar a leitura de Do Inferno, uma das obras seminais de Alan Moore. Talvez seja o recém-lançado livro do britânico que alega ter descoberto a identidade do Jack, o Estripador; talvez em razão da capa do também recentemente lançado Hellblazer Infernal: Vol 2, que mostra a versão de Garth Ennis e Walter Simpson dessa misteriosa figura. Mas talvez o maior motivo de começar a ler a obra seja realmente a sua importância e alegada qualidade.
Alan Moore quis dar a sua versão sobre o mistério de 126 anos. Para isso se valeu da maluca (mas bem interessante) teoria de Stephen Knight sobre quem seria o serial killer mais famoso de Londres. Para ele, Jack o Estripador seria um médico chamado William Gull que, a mando da Coroa Britânica, teria assassinado todos aqueles que conheciam da existência do filho bastardo do Príncipe Albert Victor, Duque de Clarence. A ideia de um sucessor bastardo na família real era inconcebível para a Rainha Victoria.
A obra está recheada de teorias da conspiração que envolvem maçonaria, família real e magia negra, adicionando à história, em si violenta, ares mais pesados. Soma-se a isso o traço sujo de Eddie Campbell (em preto-e-branco) e está estabelecido um clima perfeito para história de terror.
O primeiro volume não é de leitura fácil. Alan Moore fez um detalhado estudo sobre a história britânica, bem como das tradições maçônicas. A passagem em que o Doutor William Gull expõe suas teorias para o cocheiro Netley ilustra bem todo esse apuro dispensado pelo roteirista. Esse rebuscamento histórico, contudo, compromete um pouco o ritmo da obra, que é bastante lento.
No Brasil, Do Inferno foi publicado pela Via Lettera entre 2000 e 2001 em quatro volumes e desde então está desaparecido das livrarias.
Do Inferno: Vol. 1
From Hell #1-3
**** 7,5
Kitchen Sink | 1991 e 1993
Via Lettera | abril de 2000
Roteiro: Alan Moore
Arte: Eddie Campbell
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