E finalmente a aclamada fase de Brian Azzarello e Cliff Chiang a frente do título da Mulher-Maravilha chegou ao fim. Foram 35 edições que revigoraram o prestígio que a super-heroína há muito tempo não gozava no meio dos quadrinhos. A revitalização de todos os personagens e títulos da DC no reboot de 2011 trouxe muita apreensão aos fãs, que presenciavam a milhonésima estratégia de marketing por parte da editora com o fim de alavancar as vendas. A apreensão de muitos se mostrou justificada em quase todos os títulos. Mas Mulher-Maravilha ganhou vida nova.
A frente da revista desde o início do reboot, a dupla Azzarello-Chiang contou uma nova origem para a heroína, deixando de lado a sua clássica gênese, bem como aquela introduzida por George Pérez após a Crise das Infinitas Terras, explorando mais o lado mitológico da personagem. Agora, ela não é mais a estátua que ganhou vida, nem a reincarnação de todo mal que os homens fizeram às mulheres, mas sim filha de Zeus e Hipólita. Alçada ao patamar de semi-deusa, Diana se viu também, ao longo dessa nova fase, transformada em deusa da guerra.
Essa mudança de paradigmas não poderia ter sido mais revigorante. A série ganhou em profundidade e se diferenciou de seus pares da editora ao apresentar uma trama muito mais coesa e grandiosa. Azzarello teve liberdade de contar sua história com calma e praticamente abandonou o recurso de arcos fechados. A história toda girou em torno da crise que se instalou no Olimpo com o sumiço de Zeus, dando margem para que o sádico primogênito reivindicasse o trono.
É uma pena que a atual fase tenha se encerrado, apesar de que nas últimas edições, a série tenha perdido um pouco do velho ritmo. O final foi apressado e introduziu questões que não foram satisfatoriamente desenvolvidas, como a questão do minotauro e da aparição de Ártemis. Azarello apara todas as pontas soltas, mas o faz com certa pressa.
No início, Azzarello havia dito que ficaria a frente de Mulher-Maravilha apenas por poucos meses, suficiente para catapultar a empreitada dos Novos 52. Mas o tempo mostrou que o projeto era grandioso demais para ser deixado incompleto, e ele conseguiu fazer isso com autonomia (o título não era alinhado a cronologia padrão da DC), fazendo com que a sua passagem já seja reconhecida como a que apresentou a "Mulher Maravilha definitiva".
Mulher-Maravilha #35
Wonder-Woman #35
**** 8,5
DC | outubro de 2014
Roteiro: Brian Azzarello
Arte: Cliff Chiang e Goran Sudzuka
DC | outubro de 2014
Roteiro: Brian Azzarello
Arte: Cliff Chiang e Goran Sudzuka