Se eu li um gibizinho gostoso de ler e divertido em 2015 foi Bom de Briga, de Paul Pope (Batman - Ano 100). E esse nem é um daqueles casos em que a gente vai conferir alguma obra sem nenhuma expectativa e, no final, acaba sendo surpreendido. Ao contrário, Bom de Briga, desde que foi lançado, vem angariando boas críticas, o que contribuiu para que eu alimentasse certa expectativa sobre sua qualidade. Expectativas, diga-se, plenamente correspondidas, pois Pope conseguiu em cerca de 200 páginas não só contar uma boa história, como também erigir do zero um universo próprio e bastante promissor.
O quadrinho conta a história de um jovem deus (aqui na Terra apelidado de Bom de Briga) que, ao completar 12 anos, precisa passar por um ritual chamado de incursão, por meio do qual ele deve testar suas habilidades e se provar digno de sua condição. Para tanto, ele é enviado para a cidade de Arcópolis, há muito tempo sitiada por monstros e que acaba de perder as esperanças depois da morte de seu mais proeminente herói, Haggard West.
Trata-se de uma história divertida muito por conta da habilidade narrativa de Pope. Seus desenhos, seus diálogos são fluído e cativantes, como há muito tempo não vejo num quadrinho da DC ou da Marvel, que possuem um know-how quase secular de contar histórias de super-heróis. Pope trouxe um frescor pro gênero que só quem almeja o público infanto-juvenil tem conseguido nos últimos tempos.
Esse é outro aspecto a se comentar: o público alvo. Embora trata-se de um gibi dirigido majoritariamente ao público infanto-juvenil (de 13 a 17 anos), Bom de Briga é capaz de cativar o leitor de longa data, não só em razão da sua incontestável qualidade, mas porque Pope se vale de elementos já explorados pelos super-heróis clássicos. Por exemplo, o uso da mitologia como fonte dos super poderes e a relação entre pai e filho deuses. Não é preciso muito esforço para relacionar esses elementos ao que Thor já fez muito bem durante toda a história. Só que Bom de Briga traz mais: atualiza vários conceitos, conversa com a nova geração de leitores ao se apegar a um ritmo despojado e frenético de narrativa.
Pope preza pelas cores quentes e enquadramentos dinâmicos para imprimir ação em suas cenas, tudo isso temperado com o carisma dos personagens. A leitura, assim, se desenvolve fluída e rapidinho chega-se ao final da HQ, que, infelizmente, não tem sua trama concluída. Pope já está trabalhando na continuação, além de já ter lançado outra obra que se passa no mesmo universo (The Rise of Aurora West), onde conta as origens da família West. Pena só que Pope tem sido bem lento.
Bom de Briga
Battling Boy
***** 9,0
First Second | 2013
Quadrinhos na Cia | julho de 2014
Roteiro e arte: Paul Pope
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