segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Azzarello erra a mão em "Homem do Espaço"


O lançamento da mais recente parceria da dupla Brian Azzarello e Eduardo Risso (concluída na edição 37 da revista Vertigo da Panini), veio cercada de uma expectativa extra, pois a edição brasileira saiu apenas com quatro meses de diferença em relação à americana, algo bastante raro de se acontecer nos comics. Porém, Homem do Espaço não sobreviveu bem ao longo de seus nove números, decepcionando as boas expectativas que eu havia depositado nesse material.

As credenciais da equipe criativa envolvida não sugeria que assim fosse. No final das contas, podemos concluir que em Homem do Espaço, Azzarello acabou sendo Azzarello demais. Claramente o roteirista pesou a mão naquilo tudo que lhe deu reconhecimento em 100 Balas: violência, diversos núcleos de conflito e linguagem coloquial. Principalmente nesse último aspecto.

Não se pode responsabilizar a linguagem usada como o principal problema da série, mas sem dúvida prejudicou bastante. Também não é o caso de culpar a tradução para o português (que, aliás, foi muito bem feita considerando o desafio). A culpa foi do próprio Azzarello que utilizou de uma infinidade de coloquialismos e neologismos que, de tão frequentes, deixou certos diálogos excessivamente truncados. Uma vez que o leitor percebe que está gastando mais tempo para decifrar as falas do personagens do que para prestar atenção na trama, surge o sinal de alerta de que algo não está legal.

Particularmente, nem mesmo depois das edições iniciais eu me acostumei com o estilo e o problema se estendeu por praticamente por todas as noves edições. Além disso, a série padece de outros problemas igualmente prejudiciais, como o excesso de twists. O roteiro possui tantos pontos de virada que em determinado momento tudo se torna um tanto irrelevante e quase sem efeito dramático. Em várias passagens, precisei retomar páginas para me certificar que estava ciente dos rumos da história, pois de cenas vazias de sentido há várias. Creio que se a minissérie poderia se virar bem dentro de cinco edições.

No entanto, há ponto positivos a serem mencionados, como a ótima retratação futurística construída. Parece bastante crível o modo como foi ela foi desenhada por Risso, com seu estilo noir e sombrio. A arte do autor argentino continua ótima e foi o que se salvou na minissérie, As capas assinadas por Jock também são ótimas.

Homem do Espaço
Spaceman #1-9
*** 5,5
Vertigo | dezembro de 2011 a outubro de 2012
Panini | Lançado na revista Vertigo 29-37
Roteiro: Brian Azzarello
Arte: Eduardo Risso

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