domingo, 27 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores roteiristas

E aqui finalizo a série de 10 postagens sobre os meus melhores de 2015. Aqui, elenco os melhores roteiristas desse ano. Feliz ano novo para todos!

>>> Alan Moore

O que Alan Moore fez em Monstro do Pântano se tornou antológico e é leitura obrigatória para qualquer fã de quadrinhos. A prosa de Moore é altiva e envolvente desde a primeira edição de seu run, atributo que diferenciou o título de todos os seus congêneres da época. Felizmente a Panini publicou toda a fase do autor a frente do título como ela merece, embora muitos leitores tenham criticado a opção da editora em usar o papel Pisa Brite (chamado por muitos de "papel jornal"). Pessoalmente não desgostei da decisão, pois ela não prejudica nada a arte de Stephen Bissette e John Totleben, além de ter deixado os encadernados em preços acessíveis. Você pode conferir a resenha completa sobre o início da passagem de Moore por Monstro do Pântano clicando aqui.


>>> Neil Gaiman

Gaiman é figurinha carimbada por aqui. Afinal, basta ter lido qualquer edição de Sandman no ano para que ele seja considerado um dos destaques do ano. No início de 2015 eu concluí a leitura do volume 4 da Edição Definitiva da série, onde pude conferir grandes histórias, como o arco final As Bondosas, além de outras histórias fechadas igualmente ótimas, como O Castelo, Os Exilados e, principalmente, A Tempestade (clique aqui para mais detalhes). Além de Sandman, Gaiman também roteirizou o ótimo Violent Cases, na primeira parceria com Dave McKean (que viria no futuro a se tornar um colaborador habitual). Trabalhando numa sinergia especial, ambos criaram um pequena obra prima dos quadrinhos dos anos 80, que por si só é uma época recheada de obras-primas. Como sempre, Gaiman aqui diz muito com pouco.


>>> Robert Kirkman

The Walking Dead é um exemplo raro de quadrinho que apenas melhora com o passar das edições. Robert Kirkman pode não ter um texto tão notável quanto os demais autores da lista, mas ele compensa isso com muita criatividade no seu argumento. Recentemente concluí a leitura do arco All Out War (ainda não publicado no Brasil) e fiquei admirado o quanto ele é hábil em desenvolver seu roteiro. Ele tem domínio completo da narrativa e sempre sabe para onde dar o próximo passo após uma grande história, de forma que a série sempre continua interessante. Por isso as vendas do título só crescem nos EUA. Criar personagens fortes é também um grande talento seu, é só ver Negan, o líder sanguinário que acabou se tornando um dos tipos mais execráveis dos quadrinhos. 

Menções honrosas: Mark Waid (Demolidor e Reino do Amanhã) e Kurt Busiek (Astro City).

sábado, 26 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores artistas

Chegou a hora de revelar os melhores dessa categoria que é, para mim, a mais difícil de escolher. Por isso, após escrever sobre os três escolhidos faço algumas menções honrosas sobre outros artistas, igualmente ótimos.

>>> Brian Bolland


Embora hoje praticamente apenas trabalhe como capista, Bolland no início da carreira trabalhou bastante com a arte interna, sendo responsável pelo menos pela arte de dois clássicos da DC: Camelot 3000 e Batman - A Piada Mortal. Nunca foi conhecido pela sua velocidade, mas seu trabalho é qualquer coisa próxima de primoroso. Bolland tem o completo domínio de anatomia e perspectiva. Isso já se fazia notar desde o seus tempos de 2000 AD, quando começou a chamar a atenção da indústria principalmente por sua passagem pelo Juiz Dredd. Ele fez parte da conhecida "invasão inglesa" de profissionais nos EUA nos anos 80 (ao lado de nomes como Alan Moore e Dave Gibbons) quando foi chamado para trabalhar ao lado de Mike W. Barr na HQ Camelot 3000.

>>> Hugo Pratt

A escolha mais óbvia de minha lista. Hugo Pratt foi um gênio dos quadrinhos, e, como todo gênio, expandiu os limites de sua arte muito além do que se julgava possível a época. Pratt foi a figura central no processo de amadurecimento da arte sequencial européia, na medida em que conferiu legitimidade a todo um movimento que emergia, principalmente na França, puxado por publicações como A Suivre, Métal Hurlant e L'Echo das Savanes. A Balada do Mar Salgado foi a primeira aventura de Corto Maltese e abriu as portas para os álbuns seguintes, todos tidos como igualmente geniais e que terei o prazer de ler nos próximos meses. 

>>> Winshluss


Tanto Hugo Pratt quanto Brian Bolland já eram artistas bastante conhecidos por mim, antes mesmo de ler as obras que os credenciaram a entrarem nessa lista. Já Winshluss era pra mim um completo desconhecido e eu resolvi investir Pinóquio graças as ótimas recomendações que li a época de seu lançamento. Winshluss é nome artístico do francês Vincent Paronnaud, cuja carreira é notabilizada também por ter dirigido, ao lado de Marjane Satrapi, a animação Persépolis, sendo inclusive indicado ao Oscar pelo trabalho. Ele não só é proficiente no lápis como também fez lindas composições em aquarela. Apesar disso, o que mais me chamou atenção em Pinóquio foi a sua inventividade das composições de página, que certamente contribuíram para que angariasse em 2009 o prêmio de melhor álbum do Festival de Angoulême.

Menções honrosas: Alex Ross (Reino do Amanhã), John Cassaday (Os Surpreendentes X-Men), Mike Mignola (Hellboy) e Dave McKean (Violent Cases)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores coloristas

Sem maiores delongas, deixo a seguir os meus destaques no trabalho de colorização.

>>> Elizabeth Breitweiser


As primeiras edições de Fatale (quadrinho de Ed Brubaker e Sean Phillips ainda não lançado no Brasil) foram coloridas por Dave Stewart, um dos profissionais mais requisitados da indústria. Ele foi o responsável pelas cores de Fatale até a edição 11, trabalho que eu elegi como um dos melhores do ano passado. A partir de então, as cores da série ficaram sob o encargo da, até certo ponto, novata Elizabeth Breitweiser, que manteve o alto nível de seu antecessor e fez um lindo trabalho na HQ. Ela soube muito bem retratar a ambientação noir e de terror que a série propõe. Hoje, "Bettie" tem trabalhado em várias séries da Image, como Outcast (nova HQ do criador de The Walking Dead, Robert Kirkman), Velvet e The Fade Out (ambas escritas pelo mesmo Ed Brubaker).


>>> Juanjo Guarnido



Além de ser um desenhista notável, Juanjo Guarnido sabe também colorir muito bem. Em Blacksad: Amarillo sua paleta de cores possuiu uma variação de cores mais vivaz que os demais trabalhos da série. As cores na obra tiveram o importante papel de transmitir a ambientação mais leve e "ensolarada", ao contrário do recorrente clima noir pelo qual a série se destacou nos volumes anteriores. Tanto é assim, que o próprio álbum leva em seu título o nome de uma cor (por óbvio, amarelo). Assim sendo, Guarnido é mestre em usar das cores para transmitir as sensações preponderante da trama.


>>> Laura Martin


Laura Martin (que assinava como Laura DePuy no começo da carreira) é uma veterana do ramo, e também muito premiada, dona dois prêmios Eisner (2000 e 2002) de melhor colorista. Se você é leitor regular de quadrinhos, dificilmente você já não conferiu algum trabalho, sobretudo porque ela é bastante requisitada pela DC e Marvel. Esse ano, li dois ótimos trabalhos dela: Ministério do Espaço (lançado recentemente pela Devir) e Os Surpreendentes X-Men. Ao lado de bons desenhistas, suas qualidade ficam ainda mais reconhecíveis. Seu estilo é discreto e limpo, que em nenhum momento tenta se sobrepujar aos desenhos. Parece pouco, mas isso é determinante para que ela permaneça no ramo há tanto tempo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores capistas

Diferente do que faço na categoria melhor capa, aqui privilegio mais a regularidade e o conjunto da obra do artista dentro da(s) revista(s). Mesmo assim, o resultado daquela categoria se aproximou do desta, com a diferença que nesta sai Alex Ross (que também é um ótimo capista) e entra John Cassaday, conforme veremos abaixo.

>>> Brian Bolland


Bolland atualmente tem mais trabalhado como capista do que como responsável pela arte interna de alguma revita, e quando assim trabalha quase sempre é para alguma edição especial. Em Camelot 3000, vemos Bolland fazendo as duas coisas: capa e arte interna, numa dobradinha memorável que faz o quadrinho ser ainda mais imperdível. Todas as 12 capas da série regular são lindas, mesclando precisão no traço e elegância nas composições.

>>> George Pérez


Numa prévia de qual capas eu escolheria como as melhores que vi em 2015, três eram de autoria de George Pérez, mais do que qualquer outro artista. Pudera, o artista incorpora o verdadeiro conceito de mestre do desenho em diversas capas que hoje são tidas como históricas e marcos dos quadrinhos americanos. Até hoje em atividade, Pérez era ainda mais prolífico nos anos 80, quando assumiu a arte e as capas de títulos como Os Novos Titãs, Crise nas Infinitas Terras e a Mulher-Maravilha do pós-crise. 

>>> John Cassaday


Cassaday é o primeiro bicampeão da minha lista de melhores do ano. Em 2014, eu o destaquei nessa mesma categoria devido ao seu trabalho em Planetary, onde, assim como em  Os Surpreendentes X-Men, foi responsável pelas capas e arte interna. Corroborando sua genialidade, Cassaday fez outro trabalho memorável na Marvel, fazendo capas até certo ponto simples, mas de uma sensibilidade e originalidade que remontam ao que já tinha feito em Planetary.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores álbuns

No ano passado eu chamei essa categoria de melhor obra/série estrangeira. Mas eu preferi mudar a sua denominação, uma vez que percebi que as obras dessa espécie são álbuns ou, se preferir, graphic-novels. Assim denominando, posso também acrescentar obras de qualquer nacionalidade e, principalmente, deixar de considerar obras americanas como "não estrangeiras", que, por motivos óbvios, é um absurdo. Confira abaixo os três melhores álbuns que eu li em 2015!


>>> Corto Maltese - A Balada do Mar Salgado - De Hugo Pratt


Escolha óbvia para esse ano, A Balada do Mar Salgado representa um dos pontos altos dos quadrinhos mundiais. Esse atributo pode se estender a obra de Hugo Pratt como um todo, pois além de ter criado um personagem singular e até hoje incomparável, poucos souberam conjugar tão bem o apuro artístico com a proficiência nos roteiros. Balada é a primeira aventura de Maltese e se passa durante a Primeira Guerra Mundial no sul do Oceano Pacífico, lugar em que os alemães se aliaram a piratas locais para abater embarcações comerciais em busca de recursos. A resenha completa da obra pode ser conferida aqui.

>>> Pinóquio - De Winshluss


O Pinóquio de Winshluss é uma obra de fôlego. São 192 páginas de uma das adaptações mais bem sucedidas dos quadrinhos, uma vez que o autor foi além de transpor a obra original para outro formato. Na verdade, isso é o que menos se viu na HQ, pois Winshluss se valeu da fábula para tratar de temas bastante atuais. Tudo através de uma arte plenamente consciente de seu papel dentro da história, haja vista que o estilo vai desde as aquarelas até o lápis aparentemente não arte-finalizado. Esse apuro vem a calhar muito bem em razão do tipo de narrativa empregada na obra, composto muito mais por imagens sem diálogos, se apoiando quase unicamente na narrativa gráfica visual para se fazer entender. A resenha completa da obra pode ser conferida aqui.


>>> Violent Cases - De Neil Gaiman e Dave McKean



Embora a HQM tenha publicado Violent Cases em 2008, fato é que poucos tiveram a chance de colocar as mãos na obra até ela ser publicada com todo o apuro merecido pela Aleph no final do ano passado. Violent Cases marca a primeira parceria, que mais tarde se mostraria prolífica, entre Neil Gaiman e Dave McKean. O primeiro se tornaria mundialmente famoso pela série Sandman e o segundo seria responsável pela identidade visual do mesmo quadrinho, ao assinar a arte de todas as suas capas. Trata-se de uma graphic novel curta (em comparação às demais do ranking), de 48 páginas, mas que diz muito. Trata sobre memória, traumas de infância, relações familiares e legado. Embora o texto de Gaiman seja acima da média como sempre, é McKean que pega o leitor pela mão e o leva a um mergulho para dentro da psiqué humana.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores séries regulares

Nessa categoria eu não faço distinção entre obras atuais e obras clássicas. Todas entram no mesmo balaio e respeitam o critério primeiro de todas as listas: eu as li em 2015. Vamos então às melhores séries regulares.

>>> A Saga do Monstro do Pântano


A barbada do ano: o Monstro do Pântano de Alan Moore é a escolha mais óbvia para integrar essa lista. Depois de algumas malfadadas tentativas de publicar essa fase em encadernados por aqui, a Panini finalmente finalizou sua publicação em seis edições. Até agora, li apenas os quatro primeiros volumes, que compreende as edições 21 a 50, onde conferimos alguns clássicos atemporais da nona arte, como Lição de Anatomia, O Parlamento das Árvores, Padrões de Crescimento e Rito de Primavera (onde conferimos a cena em que o Monstro e Abigail fazem amor, estonteantemente desenhada por Stephen Bissete e John Totleben). Você pode conferir a resenha do primeiro volume aqui.


>>> Os Surpreendentes X-Men



Há muito tempo não lia uma revista de super-herói tão boa quanto Os Surpreendentes X-Men. Joss Whedon e John Cassaday se combinaram tão bem e trabalharam numa sinergia tamanha, que considero a passagem da dupla como uma das melhores da histórias da superequipe. Quando a Marvel trouxe Whedon para a revista, buscava-se suprir a ausência de Grant Morrison, que havia deixado a editora meses antes, após uma fase igualmente notável com os X-Men. A dupla ficou no título por 24 números mais uma edição Giant-Size, que foi seguida por uma curta passagem de Warren Ellis (#25-30). A crítica dos dois primeiros arcos da série você pode ler aqui.


>>> The Walking Dead


O que eu mais gosto dos quadrinhos de The Walking Dead é a capacidade de Robert Kirkman em sempre tirar a história da sua zona de conforto. Edição após edição, a série sempre surpreende o leitor de alguma forma, não deixando se seduzir por soluções fáceis de roteiro. Embora a HQ atualmente contabilize mais de 150 números, é possível afirmar com convicção que Kirkman sabe muito bem para onde está levando sua trama, algo notável num quadrinhos tão antigo. Nesse ano, li arcos incríveis, como Sem Saída (#79-84), Mundo Maior (#91-96) e Algo a Temer (#97-102). Simplesmente, um melhor que o outro. A torcida é para que a HQM continue publicando a série com regularidade.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores minisséries

A escolha de melhor minissérie é inédita: ano passado eu não escrevi sobre essa categoria. Sabem o que isso significa? Absolutamente nada, ao contrário dos três quadrinhos aqui arrolados, todos eles de leitura obrigatória. Aproveitem!

>>> Camelot 3000 - Mike W. Barr e Brian Bolland


A minissérie mais longa dessa lista (12 edições), Camelot 3000 também é a mais antiga delas (foi publicada originalmente entre 198). Trata-se de um experimento pioneiro da DC Comics na época de lançar quadrinhos diretamente no mercado direto, para as então incipientes comic-shops. O experimento deu muito certo, pois além de ter sido um sucesso de vendas e de crítica, Camelot 3000 pode burlar as estritas regras do Comic Code Authority. Assim, Barr e Bolland tiveram mais liberdade criativa para contar a versão distópica da lenda de Rei Arthur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Embora o texto da Barr esteja muito bom também, é a arte de Bolland que se destaca, num dos melhores trabalhos da década. Confira o review da obra aqui.


>>> Fashion Beast - De Alan Moore, Anthony Johnston e Facundo Percio


Se dividirmos a vida e obra de Alan Moore em fases, poderíamos considerar Fashion Beast como parte da fase contemporânea (a HQ foi lançada entre 2012 e 2013). Apesar de ter mudado seu foco de suas histórias se compararmos com outros momentos de sua carreira, o bruxo de Nothhampton continua muito bom no que faz e Fashion Beast é a prova disso. O roteiro final da minissérie de dez edições é de Anthony Johnston (de Neonomicon), mas foi Moore quem escreveu o argumento original, que era para ter virado um filme. Na HQ, enquanto acompanhamos alguns meandros do mundo da moda, discute-se o valor da imagem e o seu poder no mundo de hoje. Confira o review da obra aqui.



>>> Reino do Amanhã - De Mark Waid e Alex Ross

Reino do Amanhã é um velho conhecido do leitor de quadrinhos de super-heróis. Lançado originalmente em quatro edições em 1996, a dupla Mark Waid e Alex Ross imaginaram um futuro distópico para o Universo DC, num exercício de imaginação que se tornou referência nos quadrinhos de super-heróis, uma vez que além de terem construído uma história bem original, eles constantemente buscaram referência ao longo das décadas de história da editora (Waid e Ross são profundos conhecedores da cronologia DC). Ler a minissérie a partir da edição definitiva lançada pela Panini em 2013 (com seus estudos de personagem, guia de referência e galeria de esboços) deixa a leitura ainda mais satisfatória. Confira o review da obra aqui.

domingo, 20 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores arcos

Embora nem sempre a noção de arco esteja explícita na revista (como é o caso de Gótico Americano), ele geralmente abrange um número determinado de edições avulsas que encerram parte da história principal ou uma aventura, formando uma certa unidade narrativa. Os arcos quase sempre são úteis para a publicação das edições em forma encadernada, após a distribuição mensal. Dada essa pequena introdução, vamos aos arcos!

>>> O Contrato de Judas (Tales of The Teen Titans #42-44 e Tales of The Teen Titans Annual/1984)


No início dos anos 80, a revista dos Novos Titãs era um dos maiores sucessos de vendas do mercado. George Pérez e Marv Holfman já gozavam de grande prestígio quando escreveram O Contrato de Judas. O plot principal do arco resgata um gancho das primeiras histórias do título: Grant Wilson se comprometeu com a organização COLMEIA em eliminar a equipe, em troca de receber super-poderes. Como seria de se esperar, Grant foi derrotado e morto. Ao final da edição descobrimos que Grant era, na verdade, filho de Slade Wilson, o Exterminador. Esse subenredo só foi ser retomado três anos depois, quando finalmente Slade Wilson decide cumprir o contrato que seu filho havia firmado com a COLMEIA e, assim, subjulgar os Novos Titãs. O arco também marca a primeira aparição de Dick Grayson como Asa Noturna.


>>> Destroçados (Astonishing X-Men #13-18/2006)



Comecei a leitura dos Surpreendentes X-Men graças aos encadernados que a Salvat lançou dentro da sua coleção de graphic-novels Marvel. Contudo, a coleção apenas compila os dois primeiros arcos da publicação, não encerrando os principais conflitos propostos. Dei um jeito então de ir atrás dos encadernados que a Panini lançou em 2011 e 2012 para terminar de ler a série. A procura não foi em vão: Destroçados só aumentou a qualidade das histórias que Joss Whedon e John Cassaday vinham contando até então. A dupla conseguiu oferecer um dos melhores gibis de heróis que eu já li e tido pela crítica em geral como um dos pontos altos na Marvel nesse século. Boa história, desenhos dinâmicos e bonitos e personagens carismáticos, tudo isso se viu em Destroçados.


>>> Gótico Americano (The Saga of Swamp Thing #37-50/1985-86)



Presença obrigatória na minha lista, Gótico Americano é memorável por diversos motivos. Primeiro vale mencionar que foi no início da saga, na edição 37 ("Padrões de Crescimento"), que se deu a primeira aparição de John Constantine, cuja aparência era inspirada na do cantor Sting. Além disso, foi em Gótico Americano que Alan Moore aprofundou a mitologia do Monstro do Pântano ao adicionar o Parlamento das Árvores como elemento importante de sua gênese. Em rápidas palavras, esse arco consiste na saga do Monstro do Pântano pelos EUA ao longo do qual investiga as causas de diversos fenômenos sobrenaturais malignos. Ao longo da saga, diversos personagens DC (sobretudo os pertencentes ao universos sobrenatural da editora, como Espectro, Vingador Fantasma e Desafiador) participam na batalha final contra o mal que se levanta. Esse arco foi publicado nos livros 3 e 4 de A Saga do Monstro do Pântano publicado esse ano pela Panini.

sábado, 19 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores edições únicas

Vamos agora para a segunda parte da minha lista dos melhores do ano. Nesse post elejo as três melhores edições avulsas, independentemente de arcos ou séries contínuas. São aquelas leituras cujo capítulo já são recompensadoras por si só e merecem a lembrança. Vamos a elas!


>>> A Saga do Monstro do Pântano #21 ("Lições de Anatomia") - De Alan Moore, Stephen Bissette e John Totleben


A fase de Alan Moore a frente da revista do Monstro do Pântano não poderia ter começado melhor. Para mim, Lições de Anatomia ainda é uma a melhor edição de Moore no título. Claro que sua passagens está recheada de histórias incríveis, mas "Lições..." ainda tem um lugar especial em minha memória, talvez em razão da história ter aberto as portas para essa HQ incrível que o roteirista inglês escreveu entre 1983 a 1987. Embora tenha começado a roteirizar a partir da edição 20, é na seguinte que Moore começa a inovar a frente do personagem, e nesse capítulo já vemos uma reformulação completa sobre as origens do Monstro do Pântano, tudo isso temperado pela prosa altiva e misteriosa que lhe é peculiar.


>>> Sandman #75 ("A Tempestade") - De Neil Gaiman e Chales Vess


Neil Gaiman encerrou os arcos regulares da série Sandman antes da derradeira edição, preferindo contar histórias fechadas nos seis capítulos finais da revista. Como a série inteira, todas são ótimas leituras, mas o último capítulo é qualquer coisa perto de primoroso. Trata-se de uma versão alternativa (dentro da mitologia Sandman, claro) de como foi o processo criativo de Shakespeare para escrever uma das últimas peças teatrais de sua vida, A Tempestade. Como vimos ao longo da série, sabemos que Shakespeare e o Mestre Moldador fizeram um trato: este daria ao inglês inspiração para escrever, enquanto aquele lhe deveria ofereceria duas peças teatrais durante sua vida. Vale destacar nessa edição, além dos ótimos diálogos, a convergência da peça A Tempestade de Shakespeare e o roteiro de Gaiman. Mesmo para quem não leu as 74 edições anteriores da série, a leitura isolada dessa HQ seria extremamente recompensadora.


>>> Astro City #4 ("Proteção) - De Kurt Busiek e Brent Anderson


Embora não devamos julgar uma obra somente pela capa, fato é que Astro City #4 além de ter uma linda capa, possui um conteúdo a altura. A história roteirizada por Kurt Busiek e desenhado por Brent Aderson ostenta uma força e uma qualidade destacada frente as outras edições do primeiro volume dessa série, publicada em 1995. Nessa edição, vemos a história de Marta, uma cidadã comum que, como milhares de outras pessoas como ela, é fascinada pelos super-heróis que habitam sua cidade. Mas após o prédio em que ela trabalha ser atacado, ela começa a refletir sobre os rumos de sua vida. Entregar mais que isso seria spoiler, por isso corra atrás do encadernado da Panini Vida na Cidade Grande, que compila o primeiro arco da série.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

[Melhores de 2015] Melhores capas

E vamos dar início a série de publicações em que irei revelar o que, para mim, foi destaque durante o ano de 2015. Repetindo o aviso que dei no ano passado, as minhas escolhas levam em conta as leituras que fiz durante o ano de 2015 e não necessariamente a obras lançadas ao longo do ano. Aliás, a maioria dos escolhidos são de obras clássicas e que tive contato apenas esse ano. Ou seja, o critério aqui é somente o fato de eu ter lido os escolhidos esse ano. 

Em segundo lugar, vale dizer que não elejo apenas o melhor de cada categoria. Indeciso como sou, prefiro colocar os três melhores sem estabelecer ordem entre eles. Creio que assim, cometerei menos injustiças, além de ficar mais proveitoso ao leitor, que pode considerar as escolhas para leituras futuras.

Dado o recado, comecemos os melhores do ano com as melhores capas.

>>> Crisis on Infinite Earths #7/1985 - Por George Pérez


Mesmo naquela época, não se tratava de uma pose lá muito original (em Camelot 3000 #6, por exemplo, vemos uma composição de capa bastante semelhante). Todavia, a capa de George Pérez transborda dramaticidade e simboliza muito bem a crise por qual passava o Universo DC durante a saga. Ver Supeman chorando seria impactante por si só, mas a bela arte de Pérez deixa tudo ainda mais cruel. Definitivamente, a capa mais histórica da minha lista.

>>> Astro City #4/1995 - Por Alex Ross


Em Astro City, Alex Ross não foi somente o capista (a arte interna é de Brent Anderson), mas como um dos idealizadores da série ao lado de Kurt Busiek. Nessa capa, Ross dá uma aula de narrativa gráfica, pois em somente uma imagem sintetiza com precisão o plot da edição. Colocando a heroína da história refletida no vidro do ônibus, temos uma exata noção da admiração das pessoas com seus heróis, além do contraste evidente entre o cotidiano popular (representada pelo ônibus coletivo provavelmente levando seus passageiros para mais um dia de trabalho) e a excitante rotina do heroísmo (representada pelo altivo voo de heroína). Ross fez um trabalho irretocável na sobreposição de imagem.


>>> Camelot 3000 #8/1983 - Por Brian Bolland


Todas as capas que Brian Bolland fez para Camelot 3000 são fantásticas. Até hoje, Bolland é um dos mais requisitados capistas da indústria. Seus desenhos são anatomicamente irretocáveis e possuem uma expressividade ímpar. Nessa capa, vemos bem um dos melhores atributos do artista inglês na composição de suas capas: a inventividade de seus enquadramentos. O ponto de vista desse desenho passa longe do senso comum, mas o que mais me chamou atenção aqui foi o cuidado que Bolland teve de colocar o Rei Arthur refletido na base da empunhadura da espada. Temos assim, um quadro dramático completo, por um lado o medo daqueles para quem a espada aponta e a ira de quem está a brandindo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Barr e Bolland revisitam as lendas arturianas em contexto futurístico

Camelot 3000, Mike W. Barr e Brian Bolland - Panini

Tem alguns quadrinhos que demoramos para ler por puro preconceito: algo que na capa que não agradou, a temática que não é muito de nosso gosto ou porque a equipe criativa não lhe é querida. Eu não sei bem a causa da minha resistência em ler Camelot 3000, mesmo após seguidas recomendações de amigos e da crítica. Hoje, posso dizer com convicção que não poderia estar mais errado em relação à qualidade da HQ. Aplicar as lendas arturianas num cenário futurístico se mostrou ser uma das melhores sacadas dos quadrinhos nos anos 80.

Camelot 3000, como sugere o título, mostra o renascimento do Rei Arthur no ano de 3000 em meio a uma invasão alienígena que afundava a Inglaterra no caos. Seguindo a profecia (segundo a qual Arthur voltaria no momento que o país mais precisasse dele), o Rei da Bretanha um a um arregimenta seus antigos companheiros, agora encarnados em contemporâneos, para que se fosse instituída, mais uma vez, a Camelot de outrora. Contudo, o passado determina o futuro, e antigos conflitos voltam a tona, como o romance entre Lancelot e Guinevere, e o ódio de Morgana Le Fay e Mordred.

Mas só o argumento de Mike W. Barr não seria suficiente para o sucesso da obra, a equipe criativa precisava de apoio editorial para criar livremente. Essa licença veio graças ao contexto de lançamento: a DC Comics buscava na época uma história em forma de maxissérie para ser lançada no então incipiente mercado direto (que se mantém até hoje), ignorando a então tradicional vendas em bancas de jornal. Como se tratava de uma obra pioneira, a DC caprichou no formato e no conteúdo. Tanto foi assim que a editora abandonou na HQ o castrador selo do Comic Code Authority, permitindo que Barr e Brian Bolland tocasse em temas polêmicos para a época.

Ao longo das doze edições que compões a série, Barr e Bolland costuram uma trama bastante coesa e vibrante, ainda que possa parecer levemente datada para os padrões de hoje. Contudo, isso pouco ou nada compromete a leitura, pois, como afirmei antes, a HQ é bastante liberal e toca em temas que na época eram simplesmente ignorados. O exemplo mais evidente e comentado por todos (inclusive pelo próprio Barr na introdução à obra) é o de Tristão ser um cavaleiro transexual, que não aceita ter encarnado num corpo de mulher. Essa contradição inclusive resulta numa cena de sexo lésbico, ainda que de teor bem leve.

Apesar de todas as qualidades da obra, nada, simplesmente nada, supera a arte de Brian Bolland, que faz na maxissérie, na minha opinião, o melhor trabalho artístico dentro de um título mainstream. É muito comum artistas serem bons na construção de cenários e nem tão bons retratando expressões faciais, ou vice-versa. Pois Bolland é um mestre em todos os aspectos. Seus enquadramentos são dinâmicos; suas poses, fluídas; as capas, uma mais bonita que a outra. Sem o trabalho do artista inglês, arrisco dizer, Camelot 3000 não teria a mesmo relevância que possui hoje.

Camelot 3000
Camelot 3000 #1-12
***** 9,5
DC | dezembro de 1982 a abril de 1985
Panini | setembro de 2010
Roteiro: Mike W. Barr
Arte: Brian Bolland
Arte-final: Bruce Patterson, Terry Austin e Dick Giordano
Cores: Tatjana Wood

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Além de ser ponto de partida da saga, "Sementes da Destruição" investiga as origens de Hellboy


Corrigindo uma desvio inaceitável para qualquer apreciador de quadrinhos e estudioso da arte, finalmente pude ler Hellboy - Sementes da Destruição, primeira minissérie da criação máxima de Mike Mignola. Hellboy, embora hoje seja um personagem amplamente conhecido e aclamado, é fato que seu início se deu de forma até certo ponto obscura. Na época de lançamento (1994), editoras como Dark Horse e Image começavam a ser tornar atrativas para grandes nomes da indústria, pois forneciam espaço para eles lançarem suas obras originais que não encontravam espaço nas limitadas regras editorias da Marvel e DC. John Byrne (cuja participação se restringiu apenas no primeiro arco), inclusive, vinha de um barulhento rompimento com a Marvel após vários anos de trabalhos prestados, justamente em razão de divergências editorias.

Hellboy, todavia, teve sua primeira participação em um folheto promocional da San Diego Comic Con de 1992 numa história curta, também compilada no encadernado da Mythos. Mas as origens e a primeira grande história do demônio de bom coração foi a minissérie em quatro partes Sementes da Destruição. Nela acompanhamos a malfadada experiência nazista de trazer uma entidade das trevas que seria capaz de desequilibrar a guerra para o lado alemão. Ocorre que a criatura (um bebê demônio) encarna em outro lugar, praticamente caindo no colo dos EUA, que já vinham investigando o projeto alemão. A narrativa avança então em cerca de 50 anos, quando encontramos Hellboy já grande e trabalhando como investigador sobrenatural para a B.R.P.D, departamento de investigação paranormal mantido pelo governo americano.

Mignola e Byrne se saem muito bem ao construir o enredo deste arco, uma vez que se ativeram aos detalhes da trama, sem deixá-lo didático e enfadonho. São várias as lendas e mitos contados ao longo das quatro edições do arco e todas elas são muito bem utilizadas como apoio a trama. Ao contrário do que esperava acontecer, não foi feito muito mistério sobre o ocorrido na noite que Hellboy encarnou na Terra, pois o primeiro caso investigado por Hellboy e seus companheiros do B.R.P.D. foi provocado pelo feiticeiro que o invocou. Logo, em Sementes da Destruição, Hellboy fica frente a frente com suas origens e desvenda parte do mistério que foi o seu passado.

Embora seja apenas o arco inicial, Mignola já demonstrava todo o seu virtuosismo artístico pelo qual a série se notabiliza até hoje. Suas composições de sombra e luz contrastantes dão ares lovecraftianos à obra, técnica que vem sendo continuamente aperfeiçoada pelo artista. O autor fez recentemente declarações de que o final da saga de Hellboy se aproxima do fim, mas enquanto isso não acontece, acompanhemos Mignola testando os limites de sua criação.

Hellboy Vol. 1 - Sementes da Destruição
Hellboy - Seed of Destruction #1-4
***** 9,0
Dark Horse | março a junho de 1994
Mythos | maio de 2008
Argumento e Arte: Mike Mignola
Roteiro: John Byrne
Cores: Mark Chiarello

sábado, 28 de novembro de 2015

[HQList] Os Maiores Personagens da DC Comics


Recentemente o site Comic Book Resources abriu uma votação entre seus leitores para que escolhessem os 10 maiores personagens da DC Comics. Após a contagem, o site divulgou o seu Top 50. Como era de se esperar, muita polêmica foi criada, já que dificilmente essa lista reproduziria exatamente o gosto da maioria, ainda que a votação tenha sido pública. Isso acontece com qualquer lista, que, para efeito de reflexão, tem seus méritos. Por isso, fique com os dez primeiros colocados do ranking junto com alguns comentários pessoais. Para quem quiser ler a lista na íntegra, clique aqui

Arqueiro Verde, bem como seu alter-ego Oliver Queen, foi criado em 1941 na revista More Fun Comics #73. Até os anos 70 ele era tido apenas como uma versão mais leve de Batman, já que ambos são ricos e devotam a vida ao combate ao crime. O personagem começou a ganhar densidade somente quando Denny O'Neil assumiu o personagem. Junto com Lanterna Verde, o Arqueiro protagonizou umas das mais clássicas aventuras de super-herói dos quadrinhos, quando a dupla percorreu os EUA se deparando com diversas mazelas sociais que, até então, eram ignoradas nas revistas. Mais detalhes sobre a obra, clique aqui.

Uma das mais notáveis heroínas da DC, pode-se considerar que Batgirl conseguiu sair da sombra do Batman e ganhar relevância autônoma. Várias mulheres já assumiram o manto da heroína, mas foi Barbara Gordon quem marcou época nele. Fruto da criação de Gardner Fox e Carmine Infantino, Barbara é filha do Comissário Gordon e umas das parceiras mais presentes na história de Batman. Embora já tenha protagonizado boas histórias, Barbara é mais lembrada por causa do atentado que sofreu de Coringa em A Piada Mortal, que a deixou sem o movimento das pernas. A partir desse acontecimento, ela deixou de ser Batgirl e assumiu a alcunha de Oráculo e passou a ajudar outros herói com apoio tecnológico.

Não há como negar que, embora não seja o preferido de alguns, o Lanterna Verde mais conhecido pelo público em geral seja Hal Jordan. O primeiro Lanterna foi Alan Scott, criado em 1940 na revista All-American Comics #16 por Martin Nodell e Bill Finger (segundo a versão consagrada). Hal Jordan somente apareceu em 1959 na revista Showcase #22 por obra de John Broome e Gil Kane, numa tentativa da DC de catapultar a popularidade do herói Lanterna Verde. Historicamente, podemos mencionar duas fases áureas do personagens nos quadrinhos: a primeira ocorreu durante o anteriormente citado trabalho de Denny O'Neil que reuniu os dois heróis verdes numa espécie de road-comic pelos EUA; a segunda é a fase de Geoff Johns, que não somente atualizou as origens do herói, como implantou o conceito de "tropas coloridas" no seu universo.

Assim como ocorre com o Lanterna Verde, vários personagens já assumiram o manto do Flash através do tempo. Também como ocorre com o guardião esmeralda, a versão pioneira (Jay Garrick, criado em 1940) não é mais famosa para os leitores de hoje. A estreia de Barry Allen se deu na revista Showcase #4 de 1956, de Gardner Fox e Carmine Infantino. Ele era um perito da polícia até um sofrer um acidente químico em razão de um raio que atingiu seu laboratório. A partir de então, ele desenvolveu uma série de poderes, sendo a ultravelocidade o mais notável deles. Ambas as versões de Flash, Barry Allen e Jay Garrick, se encontraram na clássica história O Flash dos Dois Mundos (The Flash v.1 #123, que praticamente deu início ao conceito de multiverso na DC.

Criado por John Broome e Carmine Infantino (sempre ele), Wally West é sobrinho de Barry Allen e seu sucessor no manto do Flash, após o então detentor morrer pelo Antimonitor na Crise das Infinitas Terras. Até então, West era Kid Flash e integrante dos Novos Titãs, cuja revista fazia um estrondoso sucesso nos anos 80. Sua origem é praticamente a mesma de Allen, ao passo que sofreu de um acidente idêntico a do seu tio, mas um raio de Antimonitor durante a Crise fez que perdesse muito de sua velocidade. Todavia, na melhor fase do personagem nos quadrinhos, quando Mark Waid estava nos roteiros de sua revista, ele evoluiu e descobriu todo o poder da Força de Aceleração. O arco Nascido para Correr (The Flash v.2 #62-65) conta suas origens e é tida por fãs uma das melhores do personagem.

O único vilão dentro do top 10, Coringa é uma criação de Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Sua estreia foi na primeira edição da revista Batman, de abril de 1940. Assim como hoje em dia, o Coringa da Era de Ouro era um cruel assassino, cuja fama só cresceu com o tempo. Todavia, sua sanha sádica foi amenizada durante a Era de Prata, sobretudo em razão do Comic Code Authority, que impôs uma estrita tolerância a violência. Só com Denny O'Neil, que Coringa voltou a ser o frio assassino de outrora. Mas foi com Alan Moore que Coringa protagonizou uma de suas mais célebres histórias, Batman - A Piada Mortal, onde ele tem sua origem estabelecida, embora a DC sempre tenha vacilado entre considerar ou não a história como oficial dentro da cronologia do personagem. Segundo a graphic-novel, Coringa foi vítima de um acidente químico enquanto era um bandido comum que o desfigurou e o levou a insanidade. 

Mulher-Maravilha é a primeira grande super-heroína dos quadrinhos. Sua estreia foi publicada em dezembro de 1941 na revista All Star Comics #8. Nas décadas iniciais, ela possuía as características estabelecidas por seu criador, William Moulton Marston, que foram atualizadas em 1987 por George Pérez e em 2011 por Brian Azzarello. Diana, conforme o cânone estabelecido dos Novos 52, é filha de Zeus e Hipólita, portanto, semideusa. No run de Azzarello por sua revista, ela se sucedeu Ares como deus da guerra, incrementando bastante os atributos da personagem. Originalmente, porém, a heroína foi concebida para ser símbolo do poder feminino, já que Marston acreditava no poder educacional dos quadrinhos. Esse atributo se mantém até os dias de hoje, embora com muito menos apelo. 

Dick Grayson foi o primeiro Robin e, até então, o mais longevo de todos eles. Ele foi criado por Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson na revista Detective Comics #38, de abril de 1940. Dick pertencia a uma família de acrobatas até ela ser assassinada pelo gangster Anthony Zucco, ocasião em que Bruce Wayne o adota e faz dele o seu parceiro no combate ao crime. Dick mantém esse status até ter um desentendimento com o Batman sobre sua atuação com os Novos Titãs. Ansiando independência, Dick abandona a Mansão Wayne e se torna Asa Noturna. A primeira aparição de Asa se dá no clássico arco O Contrato de Judas, de Marv Wolfman e George Pérez. Em 2009, quando Bruce Wayne foi dado como morto, Dick atuou provisoriamente com o manto do Batman. Atualmente, Dick assumiu o codnome de Agente 37 enquanto investiga, a mando de Batman, a organização criminosa Spyral. Esses eventos são mostrados na revista Grayson.

Ele foi o primeiro de todos e deu origem a uma indústria da qual ele é o maior símbolo. Precursor dos demais super-heróis, Superman deu o pontapé inicial do gênero nos EUA e sua imagem está permanentemente inserida no inconsciente coletivo como símbolo do heroísmo. Ele nasceu na revista Action Comics #1 de junho de 1938, fruto do intelecto de Jerry Siegel e Joe Shuster. Como quase todos os heróis, sua origem é constantemente revisitada e atualizada, de forma que as várias versões existentes concorrem em importância. Fato é que Superman é Clark Kent, que chegou na Terra ainda bebê após seu planeta natal, Krypton, ter sido extinto. Criado pelo casal Jonathan e Martha Kent, Clark logo descobriu ser dotado de incríveis poderes, graças sobretudo ao poder que a luz solar tem sobre ele. Dentre as inúmeras história de origem do Azulão, destaca-se O Homem de Aço de John Byrne, escrita nos desdobramentos da Crise das Infinitas Terras, em 1987.

Historicamente, decidir entre Batman e Superman é uma das tarefas das mais ingratas que existe em questão de quadrinhos. Mas é preciso reconhecer que, nas últimas décadas, o Homem Morcego têm tido um sucesso artístico e comercial (em qualquer das mídias em que eles se façam presentes) muito maior que o do Azulão. No cinema, a franquia de Batman está muito mais estabelecida e bem sucedida que a do Superman. No mercado de HQ's, a revista do Batman seguidamente fica entre as mais vendidas, enquanto que a do Superman dificilmente consegue ficar no grupo das 20 primeiras em vendas. O começo desse sucesso se deu na revista Detective Comics #27, de maio de 1939, quando a dupla Bill Finger e Bob Kane apresentou o seu trágico herói, que após ver seus pais serem brutalmente assassinados, dá início uma cruzada sem fim contra o crime. Apesar de ser "apenas um humano" (que muitos super-seres já cometeram o erro de menosprezar), Batman é dotado de uma acurada habilidade física e notável inteligência, sem contar os recursos financeiros quase ilimitados a seu dispor.

sábado, 21 de novembro de 2015

"O Fim" surpreende pelo tom otimista da trama

Quarteto Fantástico - O Fim, da Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel

Quarteto Fantástico - O Fim faz parte de um evento desenvolvido pela Marvel por meio do qual ela deu fim às histórias de alguns personagens da editora, como Justiceiro, Wolverine e Hulk. Para o exercício de imaginar como seria o ponto final da trajetória do Quarteto Fantástico, foi convidado um dos monstros sagrados dos quadrinhos, Alan Davis. O artista inglês é bem conhecido por ser um dos principais parceiros de Alan Moore no início de carreira, já que no começo dos anos 80 eles fizeram dupla em obras como Capitão Bretanha, Miraclemen e D. R. & Quinch.

Mas foi na Marvel US que Alan Davis atingiu o seu auge artístico, fazendo parcerias importantes com outras estrelas da editora, como com Chris Claremont em Excalibur no início dos anos 90. Contudo, a sua arte detalhada nunca foi muito adequada ao ritmo das revistas mensais e, por isso, seu trabalho nos últimos anos se limitou a arcos fechados e minisséries. É o caso de Quarteto Fantástico - O Fim, que demonstra ele ainda mantém a destreza em sua arte, inclusive nos roteiros.

A minissérie é ambientada num futuro distante, em que todos os heróis ainda vivem graças a um tratamento criado por Reed Richards chamado Projeto Matuzalém. Depois de uma batalha contra Doutor Destino, que custou a vida de Franklin e Valéria Richards, o Quarteto está esfacelado: Sue e Richards praticamente não vivem mais juntos, o Coisa finalmente conseguiu retornar a sua forma humana e formou uma família, e Johnny está integrando os Vingadores.

Nesse futuro imaginado por Davis, a Terra finalmente se recuperou das Guerras Mutantes, que devastou o planeta, e uma relativa paz reina em todo o Sistema Solar. Isso até que uma força misteriosa, de fora de nosso sistema, começa pouco a pouco a minar a ordem que a duras custas foi estabelecida. Revelar mais que isso poderia prejudicar as surpresas reservadas por Davis, que surpreendentemente preza por um tom otimista em sua trama.

Embora durante a maior parte do tempo, o Quarteto aja separadamente, é inegável que toda a história ostenta uma aura típica de suas histórias: uma odisseia cósmica que, além de investir na ação, oferece um drama familiar (ou de relacionamentos em geral, se preferir), que remetem às clássicas histórias que John Byrne criou durante sua passagem pela superequipe nos anos 70 e 80. Assim, Davis nos brinda com uma aventura moderna do Quarteto, cujo toque autoral se mostra evidente, sem contudo deixar de respeitar o legado da equipe.

Até os que não são familiarizados com a mitologia cósmica da Marvel são capazes de se divertir com a minissérie, que conta com a participação dos seus principais vilões, como Galactus, Superskull, Toupeira e Aniquilador. A edição da Salvat, como auxílio à leitura, traz como extras o histórico de Alan Davis (bem minucioso), uma entrevista com ele sobre o processo criativo (esclarecedor), fichas dos principais vilões do Quarteto Fantástico (poucas informações) e galeria com algumas capas desenhadas por Davis na revista da superequipe (imagens pequenas demais para apreciar a beleza da arte). No geral, trata-se de um bom encadernado que merece a leitura.

Quarteto Fantástico - O Fim
Fantastic Four: The End #1-6
**** 8,5
Marvel | janeiro a maio de 2007
Salvat | outubro de 2014
Roteiro e arte: Alan Davis
Arte-final: Mark Farmer
Cores: John Kalisz

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

"Deuses e Mortais" marca a renovação da mitologia da Mulher-Maravilha

Mulher-Maravilha - Deuses e Mortais

Em tempos de Batman vs. Superman, cresceu o interesse em estudar a origem da Mulher-Maravilha, principalmente quando se tenta adivinhar qual será a versão adotada no longa. Historicamente, duas origens da heroína se destacam: a clássica, aquela idealizada pelo criador da personagens William Moulton Marston; e a versão pós Crise das Infinitas Terras (que zerou a cronologia DC), idealizada por George Pérez e Greg Potter. Embora guardem entre si muitas similaridades, na versão mais de Pérez a Mulher Maravilha, bem como todas as Amazonas, são reincarnações de mulheres assassinadas por homens, com o detalhe de que Diana foi concebida diretamente do barro e presenteada com atributos de vários deuses.

Em Mulher-Maravilha - Deuses e Mortais acompanhamos a atualização da origem da heroína para os novos tempos. Pérez e Potter preservaram muito da origem da década de 40, como a origem do barro, a queda de Steve Trevor na Ilha Paraíso, o torneio de habilidades que alçou Diana como o arauto das Amazonas. Contudo, esse cânone viria muito se modificar com Os Novos 52. Segundo a origem concebida por Brian Azzarello e Cliff Chiang em 2011, Diana se tornou filha de Zeus com Hipólita, dando uma justificativa mais acessível para os poderes da, agora, semideusa. Além disso, a participação de Steve Trevor na origem foi praticamente apagada.

É interessante observar a necessidade da DC em continuamente atualizar a origem da Mulher Maravilha, notadamente conhecida por ser uma personagem difícil e editorialmente problemática. Mas tanto George Pérez quanto Brian Azzarello tiveram extremo sucesso em apresentar suas versões da heroína, dando ótimos pontapés na reestruturação da personagem, cada um a seu tempo. A DC, inclusive, cogitava após a Crise reinventar totalmente a heroína, de forma que o único elemento em comum com a versão clássica seria o nome. Tanto Pérez quanto Potter intervieram e criaram uma alternativa viável de reconstrução.

Em Deuses e Mortais, o primeiro grande desafio de Diana é Ares, o deus da guerra. Para enfrentar a ameaça representada pela sanha conquistadora do deus que pretende subjugar toda a Terra, Diana é levada por Hermes ao Mundo do Patriarcado (nosso mundo) para, finalmente, ter o seu primeiro contato com nossa sociedade (até então ela nunca tinha saído de Themyscira) e enfrentar seu inimigo.

A importância de George Pérez para a revista da Mulher-Maravilha não ficou restrita a seus belos e detalhados desenhos, a reconstrução da personagem empreendida nesse primeiro arco do pós Crise serviu para que a personagem sobrevivesse a mudança dos tempos. Essa análise também vale quando a considerarmos como ícone do feminismo como ela é, pois nada mais coerente foi do que atualizá-la aos tempos modernos, uma vez que os direitos femininos em muito se expandiu desde a década de 40.

Em tempo: no filme Batman vs. Superman a origem da Mulher Maravilha será aquela contada por Azzarello e Chiang nos Novos 52 (semideusa filha de Zeus e Hipólita). A origem da heroína (como um ser moldado no barro) será considerada apenas como uma lenda.

Mulher-Maravilha - Deuses e Mortais
Wonder Woman #1-7
**** 8,0
DC | fevereiro a agosto de 1987
Panini | maio de 2008
Argumento: Greg Potter e Len Wein
Roteiro e Arte: George Pérez