domingo, 12 de abril de 2015

Os rumos de Murdock/Demolidor sofre grandes mudanças no último encadernado da série de 2011


O encerramento da terceira série do Demolidor em 2014, seguido da renumeração em razão do evento All-New Marvel Now (eu quase já não consigo mais acompanhar essas iniciativas editoriais) foi cercada de uma peculiaridade incomum nesse tipo de medida. Ao contrário do que geralmente ocorre, quando o relauch marca a estreia de uma nova equipe criativa (geralmente seguida de uma guinada diferente nos rumos da série), com Demolidor ocorreu exatamente o contrário. A equipe criativa composta por Mark Waid, Chris Samnee e Javier Rodriguez permaneceu no comando. E mais: a revista segue exatamente do ponto em que o número 36 do volume 3 se encerra.

Não que a revista precisasse de um sangue novo. A fase de Waid a frente do título tem sido muito boa, mantendo o alto nível das histórias que escritores do calibre de Frank Miller, Ed Brubaker e Brian Michael Bendis estabeleceram. Ocorre que a Marvel (e, em menor escala, a DC também) são obcecadas por revistas #1. Elas incrementam as vendas e significam uma oportunidade para dar novo rumo aos personagens. Essa segunda justificativa, pelo menos, parece se encaixar ao caso do Demolidor. O fim do volume 3 significa o fim (momentâneo pelo menos) de uma característica simbólica das histórias do herói, algo praticamente já integrado em sua mitologia: Nova York.

Durante toda essa fase, que se iniciou em 2011, Waid deteriorou muito a identidade secreta de Matt Murdock e isso serviu de combustível para muitas histórias, sobretudo aquelas que envolveram o seu relacionamento com a promotora Kirsten McDuffie. Foggy Nelson nem se fale. Não é de hoje que existe quase um alvo pintado em sua testa por causa do seu relacionamento com Murdock/Demolidor. Esse novo elemento dramático pelo qual esse run ficou marcado ajudou muito Waid a evitar velhos chavões das histórias do Demolidor. Veja que nem foi preciso de uma história com o Rei do Crime para a série ser boa. Aliás, a atual fase também está marcada pela ausência de vilões fortes. Com a exceção da aparição de um vilão aqui e outro ali, nenhum deles antagonizou especialmente o herói. A ameaça difusa dos Filhos da Serpente nos poderes públicos de Nova York representou o verdeiro mal a se combater.

Ocorre que nesse final, que compreende as edição 31 a 36, a série não ostentou o ritmo de outrora. As tramas continuaram divertidas sim, mas parece que faltou criatividade no desenvolvimento de algumas histórias. Vide a participação do Polichinelo e Elektra, que se mostraram, ao final dispensáveis. Claro que, numa lógica de uma revista mensal, em que é difícil fugir da dinâmica "caso da semana", o resultado ficou pra lá de satisfatório. Mas é que fica aquela sensação de que a história tinha potencial para coisa melhor.

Apesar disso, espero muito dessa nova fase da revista que se iniciou em 2014, principalmente porque veremos Demolidor começando vida nova em São Francisco, bem longe da Cozinha do Inferno. Felizmente, a Panini confirmou a continuidade da série de encadernados, inclusive mantendo a continuidade da numeração e do formato. As expectativas estão altas.

Demolidor - Volume 6
Daredevil #31-36
**** 7,5
Marvel | novembro de 2013 a abril de 2014
Panini | outubro de 2014
Roteiro: Mark Waid
Arte: Chris Samnee, Jason Copland e Javier Rodriguez
Cores: Javier Rodriguez

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