quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Os Melhores Quadrinhos de 2014 - Roteiristas, Artistas e Coloristas

Acima: Matt Hollingsworth, Julie Maroh, Warren Ellis.
Abaixo: Dave Stewart, Art Spielgman, Neil Gaiman e
P. Craig Russell

Depois de escolher as melhores séries regulares e obras estrangeiras, vamos para outras categorias "cascudas": melhor roteirista e melhor artista. A dificuldade em escolher os melhores se agrava ao se levar em conta que tenho quase só escolhido obras renomadas e de reconhecida qualidade. Dificilmente leio uma obra sem prévia referência, e isso se deve sobretudo a falta de tempo de ler obras mais obscuras e lançamentos pouco referenciados. Mas vamos lá para as minhas escolhas, lembrando que não há classificação entre os três nomes de cada categoria.

Melhor roteirista


Fazendo dobradinha com as escolhas das melhores séries, é impossível não reconhecer o mérito de Neil Gaiman e Warren Ellis. Sandman e Planetary são seguramente uma das melhores obras dos quadrinhos. O que mais mais me surpreende nessas duas obras é o cuidado na construção das histórias, invariavelmente sempre frutos de muita pesquisa histórica e bibliográfica, sobretudo de Ellis, que em Planetary faz um verdadeira viagem dentro da cultura pop em sua obra, sem falar no embasamento científico de algumas de suas invenções.

O terceiro eleito é Art Spielgman, que rompeu várias barreira até então impostas aos quadrinhos ao lançar Maus, que conta a saga de sobrevivência de seus pais contra o regime nazista,  um marco do gênero em qualquer das acepções consideradas. Com Maus se consolidou a expansão da mídia para um público diferente, de livrarias, mais interessados em histórias adultas. Spielgman ganhou um Pulitzer pela obra, provando para muitos a relevância dos quadrinhos com um meio de expressão único. Não é pouca coisa, o que fez Maus estar indelevelmente marcado nos mais de 100 anos de história das HQ's.

Melhor artista


Curioso o papel que eu atribuo ao artista em uma HQ. Para uma HQ ser boa, é essencial que tenha uma arte também seja, e por mais que alguma obra tenha problemas de roteiros, se a arte for bacana, já não será caso de perca total. O artista deve possuir uma grande sintonia com o roteirista, para que seus desenhos componham a trama e não sejam uma mera reprodução do que tá escrito, uma mera ilustração. E nesse ponto, acho que os artistas que mais chegaram perto disso foram Juanjo Guarnido (Blacksad), P. Craig Russell (Sandman #50) e John Bolton (Os Livros da Magia #1).

P. Craig Russell
Arte de P. Craig Russell em Ramadã (Sandman #50)
Em comum também entre os três eleitos, além dos desenhos incríveis, é que todos eles provavelmente tiveram mais tempo que o artista de um título mensal, por exemplo, tem de desenhar. Suas participações foram em edições únicas, fechadas, longe da loucura do que é desenhar 20 páginas todos os meses. Talvez por isso seja um pouco injusto para os artistas dessas publicações concorrer com esse caras. Por isso, vale a pena mencionar que, dentre os títulos mensais, aqueles que saíram melhores em títulos regulares foram Michael Lark (Gotham Central), John Cassaday (Planetary) e, sobretudo, David Aja (Hawkeye).

Arte de David Aja em Hawkeye #11

Melhor colorista


Dentre os coloristas, me surpreendi com as aquarelas e guaxes de Julie Maroh em Azul é a Cor Mais Quente. Ela não só alçou a cor (no caso, azul) ao título de sua obra, como ela desempenha um papel essencial na trama, que evolui e se transforma com o transcorrer da trama, passando de tons monocromáticos no início, para o uso de variantes de azul que como se pulsassem em meio aos desenhos. Impressionante. Maiores considerações vocês podem conferir aqui. 

Os outros dois eleitos são velhos conhecidos na indústria: Dave Stewart (Fatale, Hellboy, Batman e Filho) Matt Hollingsworth (Hawkeye, Preacher e Justiceiro - Zona de Guerra). Ambos se adaptaram muito bem às técnicas modernas de colorização digital e tem usado em suas respectivas séries uma paleta de cores bastante diferenciada. Seus trabalho atualmente se caracterizam por fazer um bom uso de cores vibrantes, principalmente nas capas de Fatale e Hawkeye, obras que os credenciaram a encabeçar a minha lista de melhores. 

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