quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Os melhores quadrinhos de 2014 - Série regular e Obra estrangeira

Inicialmente devo advertir o leitor que esse artigo tem como critério único e exclusivo o meu gosto pessoal e não se refere necessariamente à quadrinhos publicados somente em 2014. O único requisito é que eu tenha botado os olhos na HQ ao longo desse ano que está terminando. Ou seja, pode acontecer que obras do arco da velha deem as caras por aqui. Também não irei cravar um vencedor, nem uma ordem de classificação, apenas elencarei os três destaque em cada categoria. Essa coluna demoraria o triplo de tempo para ser escrito se eu tivesse que decidir (sim, sou um poço de indecisão).

Esse foi um ano especialmente bom para o mercado de quadrinhos no Brasil. Obras de todos os gostos ganharam as estantes das bancas e livrarias, de todos os gêneros e procedências, material inédito ou republicações. Trata-se de uma época incrível para se ler quadrinhos e aparentemente essa tendência tem tudo para continuar em 2015.

Então, sem mais delongas, vamos para a listinha de fim de ano, que será dividida em três partes.

Melhor série regular


Essa foi uma categoria especialmente difícil de me decidir, pois as melhores e mais consagradas e obras de hoje e de antigamente desembarcaram aqui no Brasil nos últimos tempos, vide o ótimo trabalho de editoras como a Nemo, Vertigo/Panini e Companhia das Letras. É bom que eu também deixe claro aqui que várias dessas obras renomadas que saíram por aqui, como Monstro do Pântano e Sandman Teatro do Mistério, que ainda não cheguei a ler. Provavelmente farão parte da lista do ano de que vem.

Mas vamos as melhores séries. Primeiramente vou falar de Gotham City Contra o Crime (Gotham Central) que, além de ter sido umas melhores coisas que eu já li nos quadrinhos nos últimos tempos, é umas das maiores surpresas também. Quem diria que uma série ambientada em Gotham praticamente sem participação do Batman seria tão boa? Tudo graças ao talento de Ed Brubaker, Greg Rucka e Michael Lark em desenvolver tramas policiais. Uma equipe artística impecável e que ofereceu tudo aquilo que eu espero num quadrinho: diversão e reflexão. Confira os reviews de Gotham Central aquiaqui aqui

gotham central

As próximas duas eleitas são marmeladas. Planetary e Sandman são as obras máximas de dois gênios das HQ's, Warren Ellis e Neil Gaiman, respectivamente. Planetary ganhou uma publicação relâmpago digna de elogios pela Panini entre 2013 e 2014, apresentando os arqueólogos do impossível a toda uma geração de novos leitores. Uma obra para se ler sempre e imoderadamente. As camadas de leitura daquilo são quase inesgotáveis.

Sandman entrou entre as minhas preferidas principalmente graças ao arco Vidas Breves (Sandman #41-49), que até agora é a meu preferido na série. O volume 3 da edição definitiva da série lançado pela Panini ainda traz Ramadã (Sandman #50), outra preciosidade da nona arte, ilustrado por P. Craig Russell, que traz uma versão ainda mais fantástica das Mil e Uma Noites. Coisa maravilhosa.

Melhor série/obra estrangeira


Como a maioria das minha leituras (e das publicações das editoras brasileiras) se concentraram em títulos americanos, achei apropriado criar essa categoria em que se concentra as obras europeias, japonesas, brasileiras etc. E nesse filão teve destaque Blacksad: Vol. 3 - Âme Rouge, Azul é a Cor Mais Quente e J. Kendall. Reconheço que fiquei devendo em leitura de material nacional, apesar de muito material de qualidade ter saído.

Blacksad pode ser genericamente definida como uma série policial noir passada por volta da década de 50, que até agora acumula 5 livros. No Brasil, deu as caras por aqui apenas os dois primeiros, lançados pela Panini em 2006. Âme Rouge (Amor Vermelho, em tradução livre) é o livro seguinte, que não chegou por aqui. É uma pena, pois Canáles e Guarnido melhoram a cada obra e não economizam no apuro técnico, tanto que eles são famosos pelo longo tempo que demoram para concluir seus trabalhos. O review completo de Âme Rouge você pode conferir aqui.

blacksad


Pra mim, Azul é a Cor Mais Quente é a prova de que nada ainda substituiu a experiência de frequentar uma livraria/banca física. É uma das melhores formas de se conhecer obras desconhecidas ou que não estavam na nossa lista de compra. Com Azul... aconteceu isso. Depois que eu dei uma folheada na obra, não tive dúvidas: aquilo era ouro puro. E não me arrependi da compra. Trata-se de uma história incrível, acompanhado de uma bela e sensível performance artística de Julie Maroh. Também fiz um review sobre a obra.

azul é a cor mais quente martins fontes


Depois de duas obras francesas, é uma italiana que fecha a lista: J. Kendall. Apesar de ser uma obra seriada, de muitos números, J. Kendall tinha tudo para espanar nos números mais avançados, acontecendo o comum esgotamento da criatividade e originalidade. Mas Giancarlo Berardi é um dos gênios dos quadrinhos italiano (também festejado por criar o personagem Ken Parker) e, sempre cercado de bons colaboradores, não deixou a peteca da série cair, muito embora haja os compreensíveis altos e baixo. No Brasil, J. Kendall é publicado pela Mythos e você pode conferir um review aqui.

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